sexta-feira, 30 de setembro de 2011

AMOR



As ondas chegam brandas à areia da praia, enquanto meu olhar vagueia perdido no horizonte, navegando entre as nuvens e os pássaros que decoram a parede azul cintilada pelo dourado do astro rei.
O vento chega trazendo a lembrança do seu perfume, fazendo-me recordar o cheiro suave dos seus cabelos, sempre sedosos. Lembrando-me da sua pele de seda, macia ao toque das minhas mãos.

De repente me surpreendo. Tudo fica escuro a minha frente. Sinto o ar quente tocar meu pescoço, e um cheiro doce de melancia chegar sem avisar. Toco meu rosto e sinto as mãos calorosas que me roubam a luz do sol que vem do horizonte. Com calma e suavidade, tateio as mãos até percorrer o braço, procurando identificar seu dono.
Sua pele macia a denuncia.
Eu sorrio.
Sinto meu corpo ser puxado para trás e me deito na areia. As mãos saem da frente dos meus olhos, revelando um sorriso sincero e caloroso.
Toco seu rosto e me ergo oferecendo um beijo. Toco seus lábios que respondem aos meus. Nada mais importa.
Ao longe, apenas o barulho das ondas continua, preenchendo o ar, além do som de nossos próprios corações, que palpitam, denunciando a emoção do nosso amor.

Não é preciso uma só palavra para dizer o que sinto.
Nossos corpos sabem, através da linguagem que nunca morre.

Por isso, te amo, hoje e sempre.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sete Selos



A autora Luiza Salazar lançou pela ediora UnderWorld, o Livro Sete Selos.
Uma narrativa que conta a história de Lara Carver, uma agente de campo, que trabalha para a Agência. Uma organização que combate e controla fenômenos sobrenaturais.
A agente Carver enfrenta um dos maiores desafios para a Agência e para ela mesma, quando um estranho fenômeno começa a destruir locais sagrados em Paris e um Padre é morto.
Durante as investigações, descobre que estão enfrentando uma entidade antiga e com poderes acima de suas capaciades mortais. Essa informação é trazida graças a colabração de Lucius, um demônio, que ajuda no caso de livre e espontanea vontade. O que não deixa Lara nada a vontade, pois trata-se do mesmo demônio que matou seu pai quando ela era criança. Mas como o caso em questão é grave, a agente deixa de lado as picuinhas pessoais, passando por cima de sua ferida e se coloca a trabalhar ao lado de seu antigo inimigo. Além de Lucios, Lara recebe a ajuda de Jason. Um ex-agente e "amigo".

Durante a aventura, muitas surpresas acontecem e coisas que Lara jamais imaginava se revelam a sua volta.


Sete Selos é um livro empolgante e muito bem narrado.
A trama é bem amarrada e autora revela pouco a pouco os segredos que a história guarda, sem gerar expectativas desnecesárias e prolongadas. Ela nos leva através de um fascinante (e ao mesmo tempo comum) mundo de anjos e demônios. um mundo a beira do nosso, do qual não temos a menor consciência.

Obs.: Só não gostei do final. Mas é um ponto de vista muito pessoal, MEU, e isso não interfere em nada na qualidade da história.

Recomendo.
Uma boa semana para Todos!!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

REAPRENDENDO

Como a maioria bem sabe, eu moro sozinho. E para a idade que tenho, bem, não pareço tê-la mentalmente. Pois é. Trinta anos não combina comigo.
Hoje eu estava no PC, vivendo mais um dia da minha vida. Até que, alguém me chamou.
“ANDERSON!!!” Na verdade, gritaram, né. Pois eu moro no sexto andar. Sai da frente do computador e fui direto para a janela da cozinha pra constatar se realmente era a mim que estavam chamando. Afinal, vivem gritando uns aos outros nesse lugar!
Chegando à janela, coloquei o carão pra fora e confirmei. Havia dois colegas no pátio me chamando. Chamei a atenção deles e disse:
- Peraí! Já vou descer! Só um minuto.
Feito isso, voltei pro quarto, mergulhei dentro da minha blusa preta, que trazia a Rei Ayanami ilustrada em sua lateral direita, coloquei os celulares no bolso, a carteira e desci.
Passei o resto do tempo jogando conversa fora. Não falamos sobre nada de importante. E ainda sim, o frio não nos incomodava. Riamos de tudo. Principalmente das piadas (que não deveriam ter graça). Mas era inevitável não rir. Imagine você, seu colega vira e fala:
- Você sabe por que na áfrica eles não assistem o globo esperte? – a principio, não parece nada de mais, né?
Ai você responde: - Sei não! Por que eles não assistem? – você pergunta.
Seu colega te olha com aquela cara “como assim você não sabe?” Ai a ficha cai. Piada complicada essa, não? Mas tudo bem. É bom rir às vezes. Mesmo que de algo desse tipo.
Continuamos ali, rindo até dizer chega de várias bobeiras. Até que tiveram a grande idéia de ir pra quadra. Não é lá grande coisa, mas quebra um galho. E nesse caso, quase me ajudou a quebrar o braço. Mas valeu a pena.
Chegamos lá, havia um conhecido dos meus colegas andando de skat. Eu não resisti e pedi pra tentar. Há muito não o fazia, mas senti uma vontade sincera de ousar. E segui adiante.
O rapaz me emprestou o skat e, timidamente eu subi na prancha sobre quatro rodas. Fiquei um temo apenas balançando de um lado pro outro sem muito sucesso.
Acho que o medo não me deixava sair do lugar. Todos estavam me olhando, provavelmente esperando alguma coisa. Eu retribuí o olhar, meio tenso. Tomei um pouco de coragem e tentei realmente andar com o skat. Nessa hora, as rodas entram em atrito com o cimento, deram um sinal maior de vida, mas não fiz mais que três movimentos. Depois disso, perdi o equilíbrio e fui ao chão. Caindo com um baque surdo.
Aonde caí, eu fiquei.
Demorei um tempo, estirado no chão, rindo de mim mesmo. Mas feliz pelo prazer que o simples momento me causou. E pensei:
“É incrível como, às vezes, duas horas do nosso dia, entre pessoas simples, valem mais do que todo resto. Que é preenchido pela tensão e preocupação das responsabilidades do dia-a-dia.”
Naquele momento, me lembrei de como eu me divertia em tempos que hoje fazem apenas parte da gaveta dentro do meu cérebro, chamada: memória.

MADRUGADA

A mesa estava abarrotada de coisas.
Havia papel colado nas bordas com anotações diversas, agendas empilhadas, canetas dentro de um recipiente circular prateado e uma prancheta com um papel branco preso pela presilha.
Eu olhava a folha compenetrado, me perdendo em sua brancura. Porém, nada me vinha à cabeça.
O relógio marcava 03:00 da manhã no display. Com isso, me dei conta de que já estava naquela empreitada a mais de cinco horas. Aquele tempo todo e nenhum progresso. Sacudi a cabeça espantando o sono que queria começar a disputar espaço em minha mente, forçando minhas pálpebras, convidando-as a se fechar.
Descruzei os braços, peguei a lapiseira que estava entre as canetas e foquei novamente no papel. Estava decidido: ia conseguir pelo menos um esboço. Um rabisco qualquer que me ajudasse a não ter perdido aquelas cinco horas em vão.
Dei uma boa olhada no cômodo onde estava.
A minha direita, a cama se mostrava solitária, me convidando a fazer-lhe companhia. Ao fundo, minha estante com meus livros e quadrinhos. Havia muitos títulos. Todos bem distribuídos e organizados. À esquerda, meu guarda-roupa ocupava oitenta por cento da parede branca do quarto, deixando apenas um espaço para a janela, que dava para a rua. Um adesivo dos X-men decorava a porta do meio do guarda-roupa, entre as outras duas que possuíam um espelho.
Voltei novamente a olhar para a folha em branco sobre a mesa. Agora eu sabia o que ia esboçar. Mas quando me inclinei a fazê-lo, o telefone tocou. Por um instante fiquei furioso. Justo na hora em que consigo inspiração o telefone tinha que dar sinal de vida? Mas tudo bem. Após o terceiro toque eu atendi.
- Alô! – eu disse.
- Serei breve. – disse a voz do outro lado. E eu fiquei meio perdido com a informação. O que aquilo queria dizer? Mas antes que eu dissesse algo, a pessoa do outro lado da linha continuou. – Você corre perigo. Saia daí, agora! – depois disso o telefone ficou mudo.
Seria isso um trote? Não sei. Mas por algum motivo eu senti um frio percorrer a minha espinha e, de repente, o silêncio do quarto tornou-se sufocante. Até o ar ficou abafado sem a menor explicação.
Olhei agitado de um lado a outro e gelei quando ouvi um barulho que parecia vir do corredor, do outro lado da porta do meu quarto. Pareciam passos e eram pesados. Pois a madeira do chão rangia anunciando a aproximação de quem quer que fosse.
Eu não sabia o que fazer. Pelo visto, não havia sido um trote. Mas quem poderia ser? E o que queria com um pobre designer free-lance?
...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ENCONTRO NA ESCURIDÃO

ESCURIDÃO.
Eu não podia ver um palmo a minha frente. O breu total era incomum. Não conseguia identificar que lugar era aquele. Não havia cheiro, barulho, nada preenchia o ambiente além da total escuridão.
Pouco a pouco fui tomado por uma angustia que crescia gradativamente. Ela tentava ganhar o status de pânico. Eu procurei controlá-la o máximo que pude. Mas ela lutava bravamente. Impondo a mesma intensidade que eu, porém, de maneira contrária. Lançando-me no abismo do desespero com tanta força, que eu não sabia mais se era capaz de suportar.
Olhei em todas as direções. Ansioso, nervoso, afoito.
Nada.
Aquilo era surreal. E o tempo parecia estar congelado. Eu não tinha a menor noção de onde estava, ou mesmo, de que horas eram e quanto tempo havia passado.
De repente, ouvi um barulho tímido, porém, acelerado se anunciar. Nervoso, olhei novamente em todas as direções. Nada.
Fechei os olhos para fugir dos engodos dos sentidos. Percebi que era meu coração que estava um pouco agitado. Apesar disso, mantive os olhos fechados mais algum tempo. As batidas voltaram ao ritmo costumeiro. Mas ainda sim, permaneci dentro da minha própria escuridão, me trancando um pouco além daquela que me cercava.
Não sei quanto tempo se passou até aquela luz quase me cegar, preenchendo a escuridão de súbito. Meus olhos arderam, mesmo estando fechados, e eu fui forçado a me virar na direção oposta. Quando a intensidade da luz perdeu força, senti um calor invadir o espaço onde estava. Isso foi seguido de um barulho que, depois de alguns segundos, identifiquei como sendo um grunhido. Que ganhou força gradativamente.
Ainda receoso, fiz um esforço e me voltei para a direção de onde a luz veio. Com cautela, e medo talvez, abri os olhos novamente. O ambiente não estava claro como eu havia imaginado. Pelo menos, não com luz branca. A escuridão havia dado lugar a uma tonalidade vermelha, meio alaranjada. E eu me vi cercado por cinco pilares de mármore amarelo, dentro de um enorme salão. Que facilmente chegava aos 20 metros de altura. O teto era ornamentado de maneira a parecer uma galáxia. A única coisa que os diferenciava: era a cor. Porém, eu percebia a mesma profundidade de uma galáxia naquela imensidão vermelha.
Olhei novamente para os pilares e notei que todos possuíam desenhos “tribais” talhados em sua estrutura. O chão era liso e feito de enormes mármores laranja, com vãos bem fininhos separando uns dos outros.
No entanto, algo tirou a minha atenção daqueles pequenos detalhes. Meus olhos fitaram apreensivos uma espessa cortina de fumaça que começa a se formar a minha frente. Ela era vermelha e não possuía cheiro algum. Aquilo me deixava ainda mais preocupado. E quando eu vi um par de olhos ganhar forma dentro daquela fumaça, dei um passo atrás, demonstrando certo medo. Mas a manifestação não se deteve ali. A figura cresceu de forma colossal. Tanto em altura, quanto em largura. Eu engoli em seco o que vi. Meus olhos demoraram a crer no que viam. Mas eu bem sabia que era real. Minha experiência anterior me permitia à certeza. Aquilo não era meramente fruto da minha imaginação. A figura gigantesca me olhava impetuosa. Certa da presa fácil que eu era. Pelo menos era o que ela deveria estar pensando. Afinal, em tamanho pelo menos, ela tinha uma vantagem aterradora. E, além do mais, qualquer um teria ficado petrificado diante de sua imagem.
Cinco cabeças se moviam sibilantes. Elas eram sustentadas por uma massa corporal escamosa, com duas asas grandes e cartilaginosas saindo de suas costas e uma calda sacudindo silenciosamente por detrás daquele volume.
Não havia outra criatura em existência alguma que possuísse aquela aparência e aquela intensidade de presença. Apenas uma; era capaz de causar o estado em que eu me encontrava.
Tiamat!
A Deusa dos dragões Malignos. A mais temida de todas as feras.