sexta-feira, 23 de setembro de 2011

REAPRENDENDO

Como a maioria bem sabe, eu moro sozinho. E para a idade que tenho, bem, não pareço tê-la mentalmente. Pois é. Trinta anos não combina comigo.
Hoje eu estava no PC, vivendo mais um dia da minha vida. Até que, alguém me chamou.
“ANDERSON!!!” Na verdade, gritaram, né. Pois eu moro no sexto andar. Sai da frente do computador e fui direto para a janela da cozinha pra constatar se realmente era a mim que estavam chamando. Afinal, vivem gritando uns aos outros nesse lugar!
Chegando à janela, coloquei o carão pra fora e confirmei. Havia dois colegas no pátio me chamando. Chamei a atenção deles e disse:
- Peraí! Já vou descer! Só um minuto.
Feito isso, voltei pro quarto, mergulhei dentro da minha blusa preta, que trazia a Rei Ayanami ilustrada em sua lateral direita, coloquei os celulares no bolso, a carteira e desci.
Passei o resto do tempo jogando conversa fora. Não falamos sobre nada de importante. E ainda sim, o frio não nos incomodava. Riamos de tudo. Principalmente das piadas (que não deveriam ter graça). Mas era inevitável não rir. Imagine você, seu colega vira e fala:
- Você sabe por que na áfrica eles não assistem o globo esperte? – a principio, não parece nada de mais, né?
Ai você responde: - Sei não! Por que eles não assistem? – você pergunta.
Seu colega te olha com aquela cara “como assim você não sabe?” Ai a ficha cai. Piada complicada essa, não? Mas tudo bem. É bom rir às vezes. Mesmo que de algo desse tipo.
Continuamos ali, rindo até dizer chega de várias bobeiras. Até que tiveram a grande idéia de ir pra quadra. Não é lá grande coisa, mas quebra um galho. E nesse caso, quase me ajudou a quebrar o braço. Mas valeu a pena.
Chegamos lá, havia um conhecido dos meus colegas andando de skat. Eu não resisti e pedi pra tentar. Há muito não o fazia, mas senti uma vontade sincera de ousar. E segui adiante.
O rapaz me emprestou o skat e, timidamente eu subi na prancha sobre quatro rodas. Fiquei um temo apenas balançando de um lado pro outro sem muito sucesso.
Acho que o medo não me deixava sair do lugar. Todos estavam me olhando, provavelmente esperando alguma coisa. Eu retribuí o olhar, meio tenso. Tomei um pouco de coragem e tentei realmente andar com o skat. Nessa hora, as rodas entram em atrito com o cimento, deram um sinal maior de vida, mas não fiz mais que três movimentos. Depois disso, perdi o equilíbrio e fui ao chão. Caindo com um baque surdo.
Aonde caí, eu fiquei.
Demorei um tempo, estirado no chão, rindo de mim mesmo. Mas feliz pelo prazer que o simples momento me causou. E pensei:
“É incrível como, às vezes, duas horas do nosso dia, entre pessoas simples, valem mais do que todo resto. Que é preenchido pela tensão e preocupação das responsabilidades do dia-a-dia.”
Naquele momento, me lembrei de como eu me divertia em tempos que hoje fazem apenas parte da gaveta dentro do meu cérebro, chamada: memória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário