segunda-feira, 3 de outubro de 2011

GELO

Após uma sequência de ensaios "românticos", volto novamente com ação.
Espero que apreciem.

GELO
A tempestade chegou sem avisar. O frio preencheu o ar em pouco tempo, cobrindo de gelo tudo à sua volta. Por sorte, o andarilho estava preparado. Trazia sobre a pele do corpo, a leve, porém quente, capa feita de pele de urso branco. O que o ajudou a não parar diante da força da natureza. Mesmo frente aos ventos gelados, ele seguiu adiante em seu caminho. Conhecia a importância de chegar ao fim daquela estrada, onde o que almejava estaria a lhe esperar.
A caminhada debaixo do frio seguiu por algumas horas. O andarilho mantinha passos largos e firmes sobre o gelo, evitando ser pego de surpresa por qualquer parte mais deslizante. Agora faltava pouco, apenas mais uma descida e ele estaria fora da área mais pesada da tempestade.

Assim que ele se aproximou do pé daquele pequeno desfiladeiro, completando a sua descida, um som cortante chegou sem avisar. Ele parou imediatamente. A mão deslizando sem pensar para o punho da espada que pendia em sua cintura, ficando em prontidão. Os ouvidos atentos ao menor movimento a sua volta. Ele esperou 20, 30, 60 segundos. Nada. Porém, seus instintos lhe precaviam para não baixar a guarda. Ele movimentou a cabeça de um lado a outro, tentando sentir o cheiro que o cercava. Pois uma leve brisa denunciou o odor pesado de alguma fera, que provavelmente o espreitava, se esgueirando com a pelugem encharcada.
O andarilho manteve a calma e continuou como se nada tivesse percebido. Assim que deu o primeiro passo, o vento o avisou com um silvo cortante. Mas antes que o que quer que fosse pudesse lhe atingir, ele desembainhou a espada com destreza e deslizou para o lado, cortando o ar acima de sua cabeça. Sentiu então a lâmina da espada rasgar por um breve momento uma superfície áspera que não sustentou por muito tempo seu encontro com o fio da lâmina.
O guerreiro parou, ainda em guarda, e levou sua espada novamente a bainha.
O vento gritava em seus ouvidos, mas o chiado da fera era mais latente. E agora demonstrava seu rancor por sua presa, que se tornara seu agressor. Mas isso não estremeceu o andarilho. Ele continuou imóvel, estudando qual seria o próximo passo da fera. A mão firme no punho da espada, que agora ansiava por sair novamente para beber mais um pouco do sangue que havia provado. A fera o rodeou, procurando ser o mais silenciosa que podia. Porém, os ouvidos do andarilho eram afinados de tal maneira, que ele poderia ouvir mesmo os passos mais macios a se aproximar naquele terreno. Mas a fera não tinha como saber. E por isso, saltou novamente sobre o homem. E assim que chegou perto, percebeu seu fim chegar pelo aço da espada, que atravessou seu peito, dessa vez, com firmeza. E, antes que a fera terminasse de jogar o peso morto de seu corpo sobre o homem, ele deslizou a lâmina seguindo seu curso e saindo de sua direção. A fera caiu inerte, o corpo sem o menor sinal de respiração. O sangue esvaindo-se na neve.
O guerreiro sacudiu a espada, livrando-a do sangue quente da fera, e a embainhou novamente. Ajeitou a capa de urso sobre o corpo e retomou sua caminhada. Assim ele seguia mais uma vez em direção ao norte, rumo ao seu destino.

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