domingo, 2 de outubro de 2011

SENTIMENTOS

O garoto parou em frente ao interfone, e ali, por um tempo ficou. Seu olhar fixo em um único botão. Seus pensamentos direcionados para ela. Porém, a indecisão entre fazer o que o coração queria e o que a razão mandava. Ele tirou uma das mãos do bolso, coçou o queixo de leve, por fim, cedeu ao coração. Apertou o único botão que lhe convinha. O de número 504.
- O que você quer? – disse a voz de menina, em tom levemente irritado.
- Você está bem? – o rapazinho perguntou.
- E isso importa? – retrucou a menina, em tom malcriado.
- Para mim, sim. – o garoto afirmou. Havia convicção em suas palavras. – Posso ir ai? – ele acrescentou.
- Você sabe o caminho. – a menina respondeu e se calou.
O menino sacudiu a cabeça, desolado, e se dirigiu ao elevador. Apertou o botão e esperou. Não demorou, o elevador chegou. Ele entrou e apertou o numero 5. As portas de ferro se fecharam e com um solavanco a caixa de aço se deslocou em direção ao andar selecionado.
O numero 5 piscou no painel e as portas se abriram. Calmamente o menino saiu, dirigindo-se ao apartamento da menina.
Foi preciso que ele tocasse a campainha duas vezes até que ela atendesse. Quando a porta se abriu, revelou uma menina de cabelos negros enrolados em um rabo de cavalo improvisado. Ela olhou para o rosto cor de chocolate do garoto e continuou séria. Por alguns minutos, nenhum dos dois falou nada. Mas foi ele quem quebrou o silêncio.
- Não gosto de te ver assim. Fico triste, quando você fica triste.
A garota tentou esconder um riso entre o olhar severo que sustentava no rosto, mas ele percebeu que ela gostou de ver que alguém se preocupava com ela.
- Eu não estou triste. – ela disse secamente. – Só não queria mais ficar no meio daquela gentinha.
-Tem certeza? Não é o que seus olhos me dizem. – ele disse, quando notou que os olhos dela estavam avermelhados. Como os de alguém que estivera chorando.
- Quer saber mais de mim, do que eu mesma? – ela o alfinetou.
- Não, longe de mim. Só estou preocupado com você. – suas palavras eram sinceras. – Mas já que está tudo bem, vou me retirar. Acho que estou apenas tomando o seu tempo. Não quero incomodá-la.
O garoto disse sério, os olhos fixos no dela. Ela se quer piscou.
Ele sorriu sem jeito e se virou, seguindo novamente para o elevador. Assim que ele ficou de costas, ela segurou sua mão. O leve toque dela, fez com que ele parasse instantaneamente. Mas ainda sim ele se manteve de costas para ela, e ficou em silêncio. Ela também nada disse. E assim os dois ficaram por alguns instantes, ligados apenas pelo toque da mão um do outro.
Quando ele fez que ia seguir, dando um passo a frente, ela o abraçou, cruzando seus braços na frente dos peitos do menino. E, de leve, encostou a cabeça na nunca dele. Em seguida, ele sentiu uma gota molhar de leve sua camisa nas costas. Ele não precisou olhar, sabia que ela estava chorando.
- Fica! – ela pediu, agora com a voz gentil.
- Sim! – ele disse tocando de leve as mãos dela, que repousavam sobre seu peito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário